- Autoridades do Fed no Simpósio de Jackson Hole podem defender mais reajustes de juros ao longo do ano, podendo contribuir para o fortalecimento da moeda americana.
- Economia chinesa pode continuar emitindo sinais de desaceleração econômica e de dificuldades em seu setor imobiliário, diminuindo o apetite dos investidores estrangeiros por ativos arriscados e enfraquecendo o real.
- Possibilidade de votação final do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados ampliaria o otimismo com o cenário macroeconômico e fiscal brasileiro e pode contribuir para a atração de investimentos estrangeiros, fortalecendo o real.
- Divulgação do IPCA-15 deve reforçar a percepção de que a inflação no Brasil está moderando e há espaço para o Banco Central manter seu ritmo de corte de juros, contribuindo para o fortalecimento do real.
Resumo da semana passada
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta pela terceira semana consecutiva, encerrando a sessão desta sexta-feira (18) cotado a R$ 4,966, variação de +1,3% na semana, +5,0% no mês e -5,9% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 103,5 pontos, ganho semanal de 0,8%, mensal de 1,8% e anual de 0,2%. O mercado de divisas repercutiu a divulgação da ata da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed), preocupação com a economia chinesa e seu setor imobiliário e atritos entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados.
Impacto esperado no USDBRL: altista
O foco da atenção dos investidores nesta semana deve ser o Simpósio Anual de Política Monetária de Jackson Hole, realizado pelo Federal Reserve (Fed), que ocorrerá de quinta-feira (24) a sábado (26). Embora a maior parte da discussão seja de natureza mais acadêmica, a fala de abertura do presidente do Fed, Jerome Powell, e diversas entrevistas de autoridades de bancos centrais contém pistas importantes para a evolução da política econômica global e é acompanhada de perto por investidores. O tema do Simpósio deste ano é sobre “mudanças estruturais na economia global”, o que pode ensejar discussões sobre tópicos como desglobalização, mudanças estruturais na inflação mundial e nas taxas de juros consideradas neutras (isto é, que não aceleram nem reduzem a inflação).
Em discussões recentes, integrantes do banco central americano buscaram reforçar o caráter incomum pelo qual passa a economia americana, com queda de inflação acompanhada de resiliência no emprego e crescimento, ressaltando a importância dos dados divulgados antes de cada decisão de política monetária. Assim, é provável que, em suas falas, as autoridades procurem manter as opções em aberto para as próximas decisões de juros, sem se comprometer nem com novas altas e nem com a interrupção do ciclo do aperto monetário.
Na semana passada, apesar ata da última decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) mencionar uma divergência entre seus integrantes sobre qual deve ser a trajetória futura dos juros americanos, os investidores deram maior peso ao fato de “a maior parte dos integrantes [do Comitê] continuarem a ver riscos inflacionários significativos, que exigiriam um aperto monetário ainda maior”. Como resultado, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) de 10 anos atingiu o seu maior patamar em 10 anos, contribuindo para o fortalecimento do dólar e prejudicando o apetite por ativos arriscados.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Nesta semana, também, haverá a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor 15 (IPCA-15), que deve apresentar leitura próxima a zero no índice geral e crescimento em torno de 0,30% em seu núcleo. O dado deve reforçar a percepção de que há espaço para o Banco Central brasileiro manter o ritmo de cortes de taxas de juros sugerido na última decisão, de 0,50 p.p. a cada reunião. As próximas leituras inflacionárias, entretanto, devem ser mais altas por conta do reajuste recente de preços de combustíveis da Petrobras, feita para alinhar os preços internos à paridade internacional, o que pode influenciar a postura do Comitê de Política Monetária (Copom).
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Após insatisfações de deputados com críticas feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Câmara dos Deputados, a reunião de líderes partidários para discutir a votação do Projeto de Lei do arcabouço fiscal (PLP 93/2023) foi adiada para esta segunda-feira (21). Se houver acordo, a votação poderia ser feita ainda nesta semana. O texto aprovado no Senado Federal foi diferente daquele aprovado pela Câmara e, por isso, o rito processual exige que os deputados analisem somente as emendas ao projeto, isto é, os pontos modificados pelos senadores, acatando as sugestões ou retornando ao texto aprovado inicialmente na Casa Baixa. Contudo, alguns analistas políticos põem em dúvida esta possibilidade em função dos constantes adiamentos da reforma ministerial no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que buscaria acomodar mais espaço para partidos do chamado “Centrão”.
Impacto esperado no USDBRL: altista
Na semana passada, o ambiente de negócios internacional foi de bastante aversão ao risco e de cautela em meio a divulgação de dados econômicos abaixo do esperado para a China e com empresas do setor imobiliário chinês apresentando problemas para honrar seus compromissos financeiros e a mais endividada delas, a Evergrande, solicitando a reestruturação de suas dívidas nos Estados Unidos. O banco central do país chegou a reduzir inesperadamente uma das taxas de juros referenciais do país, diminuindo os juros dos empréstimos de um ano de 2,65% a.a. para 2,50% a.a., porém não foi o suficiente para acalmar os investidores. Há uma expectativa de que as autoridades chinesas continuem a anunciar novas medidas incrementais para recuperar a confiança dos agentes de mercado.
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