- Crescimento do PIB brasileiro deve perder força no segundo trimestre, podendo diminuir o apetite de investidores por ativos brasileiro e enfraquecer o real.
- Economia chinesa pode continuar emitindo sinais de desaceleração econômica e de dificuldades em seu setor imobiliário, diminuindo o apetite dos investidores estrangeiros por ativos arriscados e enfraquecendo o real.
- Dados para a economia americana deve mostrar que os preços continuaram moderando em julho enquanto crescimento e mercado de trabalho continuaram resilientes, diminuindo as interpretações de que novas altas de juros serão necessárias e contribuindo para o enfraquecimento do dólar.
- Possibilidade reforma ministerial no governo Lula ampliaria a base legislativa do governo e pode contribuir para ampliar o otimismo de investidores com ativos brasileiros, fortalecendo o real.
Resumo da semana passada
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (25) cotado a R$ 4,875, variação de -1,8% na semana, +3,1% no mês e -7,7% no ano. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta em alta pela sexta semana consecutiva, cotado a 104,2 pontos, ganho semanal de 0,8%, mensal de 2,5% e anual de 0,9%. O mercado de divisas repercutiu o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole, a aprovação definitiva do arcabouço fiscal no Congresso Nacional e preocupações persistentes com a economia chinesa.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
O foco da atenção dos investidores nesta semana deve ser a divulgação abundante de indicadores econômicos para os Estados Unidos, com leituras para a atividade econômica, para o mercado de trabalho e para os preços ao consumidor. Nesta semana, a divulgação do Relatório de Situação de Emprego para o mês de agosto deve mostrar que a criação de novos empregos se mantém em território positivo, porém em suave moderação quando comparado aos meses anteriores. Há pequenos sinais de desaceleração no mercado de trabalho, como uma queda no número de trabalhadores temporários e uma diminuição na média semanal de horas trabalhadas, porém estes ainda são discretos e não permitem afirmar que a escassez para de trabalhadores diminuiu.
Adicionalmente, será divulgado o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) de agosto, métrica mais utilizada pelo Federal Reserve para acompanhar inflação ao consumidor, com expectativa de nova leitura moderada pelo terceiro mês consecutivo, com expectativa de crescimento de, aproximadamente, 0,20% tanto para o índice cheio quanto para o seu núcleo. Os preços de serviços excluindo aluguel (chamado de “super core services”), porém, podem ter uma elevação um pouco maior, em torno de 0,40%. Algumas autoridades do Fed tem destacado a influência desse segmento de serviços na tendência inflacionária recente, e uma alta um pouco mais alta nesse grupo pode motivar os integrantes da instituição a manter uma postura mais cautelosa nas próximas decisões de juros.
Será divulgado, também, a segunda prévia para o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos para o 2º trimestre de 2023, com expectativa de revisão de um crescimento de 2,0% para 2,4%, em taxa anualizada. Por fim, será publicado o Índice de Gerente de Compras (PMI) industrial para o mês de agosto, com expectativa de retração (ou seja, uma leitura abaixo de 50 pontos) pelo décimo mês consecutivo, dando continuidade ao desempenho negativo da atividade manufatureira americana.
Impacto esperado no USDBRL: altista
O crescimento do PIB brasileiro deve perder força expressivamente no segundo trimestre, passando de um crescimento de 1,9% contra o trimestre imediatamente anterior para apenas 0,3%. A agricultura deve apresentar retração, compensada por modesto crescimento da indústria e dos serviços. O dado deve mostrar que a economia brasileira apresenta certa resiliência, mas que o ambiente macroeconômico mais restritivo, com juros elevados há bastante tempo, tem reduzido a capacidade de uma expansão mais robusta.
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Após a importante aprovação, nesta semana, do Projeto de Lei Complementar do arcabouço fiscal (PLP 93/2023) e da Medida Provisória que reajusta o salário-mínimo pelo Congresso Nacional, o foco recai sobre a prometida e constantemente adiada reforma ministerial no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que buscaria acomodar mais espaço para partidos do chamado “Centrão”. Segundo o jornal O Globo, o presidente da República deve promover as mudanças nesta semana, ao retornar de compromissos internacionais.
Após insatisfações de deputados com críticas feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Câmara dos Deputados, a reunião de líderes partidários para discutir a votação do Projeto de Lei do arcabouço fiscal (PLP 93/2023) foi adiada para esta segunda-feira (21). Se houver acordo, a votação poderia ser feita ainda nesta semana. O texto aprovado no Senado Federal foi diferente daquele aprovado pela Câmara e, por isso, o rito processual exige que os deputados analisem somente as emendas ao projeto, isto é, os pontos modificados pelos senadores, acatando as sugestões ou retornando ao texto aprovado inicialmente na Casa Baixa. Contudo, alguns analistas políticos põem em dúvida esta possibilidade em função dos constantes adiamentos da reforma ministerial no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que buscaria acomodar mais espaço para partidos do chamado “Centrão”.
Impacto esperado no USDBRL: altista
A divulgação dos Índices de Gerentes de Compras (PMI) oficiais da China para o mês de agosto deve mostrar a tendência de desaceleração da atividade econômica no país, tanto para serviços, que devem crescer levemente, quanto para a indústria, que deve retrair suavemente. Em meio a uma sequência de indicadores abaixo do esperado para o crescimento econômico chines e incertezas sobre a estabilidade do setor imobiliário, tais leituras podem aprofundar o pessimismo de investidores com as perspectivas de recuperação do país e prejudicar o desempenho de ativos arriscados, como o real.
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