Adiamento dos cortes do Fed O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta quinta, enquanto agentes repercutem comunicados dos bancos centrais do Brasil e Estados Unidos. Na véspera, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve decidiram manter a taxa básica da autarquia no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, conforme antecipado pelas expectativas dos agentes. Em comunicado, o comitê afirmou que a deliberação de manter os juros em patamares restritivos se deu por conta do vigor da economia americana, que tem continuado forte e com um mercado de trabalho resiliente. Na coletiva de imprensa posterior à divulgação do comunicado, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso, argumentando que os Estados Unidos ainda não chegaram ao “pouso suave” estabelecido como meta pela instituição e que a taxa de juros atual deve ser mantida por mais algum tempo até que o banco central tenha garantia de que a inflação americana converge em direção à meta no horizonte de forma sustentável. Nesse sentido, o dirigente da autoridade monetária reforçou que os membros do FOMC continuarão acompanhando novos dados com atenção para que haja segurança de iniciar o afrouxamento monetário, o que diminuiu as apostas dos investidores na redução dos juros na reunião de março, de modo que, agora, os dados do CME Group mostram que há a probabilidade implícita de 61,2% de começo dos cortes na decisão do dia 1 de maio. Assim, o investimento na renda fixa americana torna-se mais atrativo, pesando sobre o desempenho de ativos de risco como as commodities, ações e moedas emergentes como o real.
Copom sem surpresas De forma complementar, conforme esperado pelos operadores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu manter o ritmo de 0,50 ponto percentual nos cortes dos juros, de modo que a taxa Selic se encontra agora em 11,25% ao ano, apesar de dados de índices de preços mostrarem aceleração da inflação subjacente de serviços. Ademais, o comunicado do comitê indicou que reduções de mesma magnitude devem ocorrer nas próximas reuniões, mas sem estabelecer qual será a taxa ao fim do ciclo de cortes, além de reforçar que deve acompanhar fatores de risco às expectativas que podem causar alterações na trajetória projetada para a inflação. Dessa forma, com a continuidade da abrandamento da política monetária no Brasil, o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos é ampliado, desfavorecendo o câmbio.