Tom mais duro do Copom O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta quinta-feira, ao redor de 4,98 (10h30min), enquanto investidores reagem à deliberação do Fed e ao comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que foi divulgado após o fechamento do mercado ontem (20). No documento divulgado pelos dirigentes do banco central brasileiro, o tom adotado foi de maior cautela frente à trajetória recente do índice de preços no país, com substituição do trecho que mencionava convergência da inflação subjacente em direção à meta por uma afirmação de que o núcleo do índice se encontra acima do alvo. Apesar de o Copom ter dado continuidade ao processo de afrouxamento monetário — reduzindo a taxa Selic para 10,75% ao ano — no comunicado o comitê retirou a sinalização de que o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual continuaria nas próximas reuniões, de maneira que passou a indicar apenas uma redução de mesma magnitude na decisão seguinte. Dessa forma, o tom mais cauteloso das autoridades do BC fortalecer a perspectiva de que a trajetória dos juros brasileiros em 2024 deve ficar num nível mais alto que o previsto anteriormente, favorecendo a renda fixa brasileira e, consequentemente, o desempenho do real.
Fed mantém perspectivas Ademais, os agentes reagem também às falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a divulgação da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de manter os juros americanos inalterados no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano. De acordo com os dirigentes da autoridade monetária, não houve grandes mudanças na perspectiva de moderação dos preços no país e os dois últimos meses foram apenas um ponto fora da curva, mas que o comitê se mantém confiante na desaceleração das pressões inflacionárias, de forma que as autoridades do Fed mantêm suas projeções de três cortes de juros em 2024. Nesse sentido, a postura mais suave apresentada pelo FOMC acabou por impulsionar o apetite por risco dos investidores, favorecendo o desempenho de ativos mais voláteis, tais como moedas emergentes como o real. Além de favorecer o otimismo dos agentes, a perspectiva de início do ciclo de cortes do Federal Reserve favorece também as projeções de diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, uma vez que a redução da taxa básica americana torna o investimento em títulos públicos do país menos atrativo, enquanto a possibilidade de uma taxa terminal maior que o previsto no Brasil atrai a entrada de divisas, o que causa pressões baixistas no par real/dólar.