- Alta das vendas do varejo americano em março devem reforçar a percepção de que o Federal Reserve manterá os juros em níveis elevados por mais tempo, contribuindo para o fortalecimento do dólar.
- Temores de um conflito direto entre Irã e Israel deve elevar a aversão global a riscos e promover a busca de ativos de segurança, beneficiando o dólar.
- Receio de mudança da meta fiscal brasileira pode elevar a exigência de prêmios de riscos por investidores para ativos brasileiros, enfraquecendo o real.
- Vencimento dos títulos de NTN-A deve elevar a demanda por dólares no Brasil e contribuir para o enfraquecimento do real.
- Crescimento do PIB chinês no primeiro semestre dentro da meta estabelecida pelo Parlamento pode elevar as expectativas de crescimento e demanda do país, favorecendo o desempenho de ativos arriscados, como ações, commodities e moedas de países emergentes, como o real.
Resumo da semana passada
A semana foi marcada pela forte aversão ao risco global provocada por mais uma leitura aquecida para a inflação ao consumidor nos EUA, o que, por sua vez, promoveu uma forte valorização da moeda americana frente a outras divisas.
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta, encerrando a sessão desta sexta-feira (12) cotado a R$ 5,1213, ganho semanal de 1,1%, mensal de 3,0% e anual de 5,6%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 106,0 pontos, variação de 1,6% na semana, +1,8% no mês e +4,9% no ano.
O MAIS IMPORTANTE: vendas do varejo e trajetória dos juros americanos
Impacto esperado no USDBRL: altista
Nesta semana, as vendas no varejo americano em março devem reforçar a interpretação de que a economia do país mantém um ritmo vigoroso de crescimento sustentado pela demanda pessoal. A mediana das estimativas aponta para uma alta de 0,3% para o índice cheio e 0,4% para o núcleo do indicador, ligeira queda em relação às taxas de fevereiro. O dado deve manter o nível de aversão a riscos elevado, em especial após a leitura do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) americano em março acima do esperado pelo terceiro mês consecutivo, que derrubou as expectativas para um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed) em junho e ampliou a percepção de que a instituição deve manter uma postura mais cautelosa ao conduzir sua política monetária, mantendo o nível de aperto monetário mais rígido por mais tempo. Na última sexta-feira (12), as apostas de investidores no mercado futuro de juros mostravam apenas dois cortes de juros em 2024, um em julho e outro em dezembro.
EUA: Histórico e expectativa para a taxa de juros – 12 de abril de 2024
Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX. Refere-se à aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros na data indicada.
Receios de conflitos no Oriente Médio
Impacto esperado no USDBRL: altista
Na semana passada, contribuiu para a elevada aversão global a riscos os temores de um conflito entre Israel e Irã após um ataque aéreo israelense contra uma embaixada iraniana na Síria no dia 01 de abril, que matou um alto líder militar do país. As autoridades iranianas prometeram retaliar, e os Estados Unidos alertaram que um ataque do país a Israel “ainda é uma ameaça viável”. É muito provável que alguma retaliação irá ocorrer, embora existam dúvidas sobre o tamanho da resposta, visto que Irã não deseja escalar o confronto. Ainda assim, a possibilidade de um confronto entre os dois países tem impulsionado os preços internacionais do petróleo e elevado a busca de ativos de segurança pelos investidores.
Envio da LDO e meta de 2025
Impacto esperado no USDBRL: altista
Os temores com a gestão da Política Fiscal brasileira voltaram a aumentar nas últimas semanas em meio a discussões sobre alteração da meta fiscal, desaceleração da arrecadação em março e a antecipação de crédito extraordinário pelo Congresso. Reportagens da mídia especializada apontam que a equipe econômica do governo federal está estudando a modificação da meta orçamentária de 2025, passando de um superávit primário de 0,5% do PIB para uma faixa entre 0% e 0,25% do PIB de superávit primário. A meta precisa ser definida no envio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), nesta segunda-feira (15). A notícia, se confirmada, deve diminuir a credibilidade do Executivo em cumprir o estabelecido pelo arcabouço fiscal e aumentar a exigência de prêmios de risco pelos investidores. Adicionalmente, a perda de ritmo da arrecadação federal em março, a dificuldade do Palácio do Planalto em avançar com sua pauta econômica, como a definição da desoneração da folha de pagamentos, e a alteração no arcabouço fiscal para permitir a antecipação de crédito de R$ 15,7 bilhões, aprovada pela Câmara e que aguarda pelo crivo do Senado, mostram que os riscos de mudança nas metas pelo governo são consideráveis.
PIB da China
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Nesta semana, os dados para a produção industrial, investimentos em ativos fixos e vendas do varejo na China em março devem mostrar uma desaceleração ante fevereiro em base anual, em linha com os demais indicadores do mês, ampliando o pessimismo com a capacidade de expansão do país em 2024 e reforçando a percepção de que mais estímulos são necessários a fim de retomar o ritmo de 2023. Ainda assim, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre deve registrar alta de 5% ante o mesmo período do ano passado, impulsionado pela demanda mais elevada durante as festividades do começo do ano.
Vencimento dos títulos de NTN-A
Impacto esperado no USDBRL: altista
Na segunda-feira (15), o vencimento de US$ 3,727 bilhões (aproximadamente R$ 18,534 bilhões de reais) em títulos de dívida NTN-A3, emitidos em 1997, deve elevar a demanda por dólares e pressionar um enfraquecimento do real. Após esse vencimento, os instrumentos cambiais em poder do público se reduzirão de US$ 4,093 bilhões para US$ 365 milhões, sem contar pouco mais de US$ 100 bilhões em swaps cambiais.
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