Panorama de câmbio: principais eventos da semana
- Fatores baixistas
- Ata do FOMC pode mostrar uma avaliação mais equilibrada dos riscos inflacionários americanos e contribuir para expectativas de cortes de juros pela instituição, o que tende a enfraquecer o dólar.
- Fatores altistas
- Dados de receitas e despesas do setor público pode piorar a percepção de investidores sobre riscos fiscais para ativos brasileiros, particularmente em um contexto de dúvidas sobre gastos emergenciais no Rio Grande do Sul.
- Congresso deve votar projetos de lei que estabelecem reoneração gradual da folha de pagamentos de setores e municípios selecionados, o que deve elevar as despesas públicas e pode piorar a percepção de investidores sobre riscos fiscais para ativos brasileiros.
Resumo da semana passada
A semana foi marcada pela divulgação de dados mais brandos para os Estados Unidos, recuperando levemente as apostas para cortes de juros pelo Federal Reserve, bem como pela mudança inesperada no comando da Petrobras, que ampliou a percepção de riscos para ativos brasileiros e limitou os ganhos do real.
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (17) cotado a R$ 5,103, recuo semanal de 1,1%, mensal de 1,7% e ganho anual de 5,2%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 104,4 pontos, variação de -0,8% na semana, -1,6% no mês e +3,1% no ano.
Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.
O MAIS IMPORTANTE: Ata da decisão do FOMC
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Em semana leve de indicadores, a ata da decisão de política monetária do Comitê Federal de Política Monetária (FOMC) do Federal Reserve (Fed) deve concentrar a atenção de investidores. A ata, que é divulgada três semanas após a reunião, pode estar particularmente desatualizada, visto que o encontro ocorreu antes da divulgação dos indicadores mais brandos para o mês de abril, como geração de empregos, vendas do varejo e inflação ao consumidor. Ainda assim, o documento pode trazer informações importantes para os investidores a respeito das discussões sobre quais as condições econômicas necessárias para justificar um corte na taxa federal de juros. Adicionalmente, a avaliação do balanço de riscos inflacionários deve ser mais equilibrada, tal qual a postura do presidente do Fed, Jerome Powell, durante a entrevista coletiva após a decisão. Por fim, analistas também observarão as discussões sobre a diminuição do balanço de pagamentos do Fed, pois o Comitê decidiu suavizar a redução de estímulos monetários e permitir um volume maior de recompra de títulos de dívida para garantir um nível adequado de liquidez ao sistema financeiro.
Dados fiscais brasileiros
Impacto esperado no USDBRL: altista
Investidores acompanham a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas a fim de ajustar expectativas para a evolução das finanças públicas e sustentabilidade da dívida brasileira. A percepção de riscos fiscais se elevou após o governo federal flexibilizar, em abril, as metas orçamentárias para os anos entre 2025 e 2027, prejudicando o desempenho dos ativos brasileiros. Adicionalmente, há muitas dúvidas a respeito do impacto total das medidas emergenciais que serão necessárias para suavizar os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul, ainda que o Congresso tenha autorizado a exclusão dessas despesas para o cálculo da meta fiscal.
Desoneração da folha
Impacto esperado no USDBRL: altista
O Congresso Nacional deve votar nesta semana dois projetos de lei sobre a desoneração da folha de pagamentos após acordo com o Palácio do Planalto e suspensão da liminar sobre o tema pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das medidas propõe a reoneração gradual sobre a folha de pagamento de 17 setores da economia até 2028, mantendo-se integralmente o benefício em 2024. A outra proposta trata de benefício sobre a contribuição previdenciária para salários públicos em municípios pequenos, de até 156 mil habitantes. A intenção dos parlamentares é votar o texto no Plenário de ambas as casas ainda nesta semana, visto que a liminar do STF para evitar que os municípios e os setores produtivos voltem a pagar 20% de impostos sobre a folha salarial perde efeito em 16 de julho. Estimativas do Ministério da Fazenda apontam que os projetos de lei devem provocar aumento de R$ 15,8 bilhões nas despesas federais no Orçamento de 2024.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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