Pessimismo externo O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta quarta-feira, quando era negociado ao redor de R$ 5,15 (10h30min), refletindo um ambiente externo mais avesso a ativos arriscados. Investidores repercutiram negativamente a divulgação de dados para a inflação do Reino Unido, que apresenta sinais de persistência inflacionária e reacendeu preocupações entre investidores de que os juros entre os principais Bancos Centrais globais, em particular os dos EUA, possam cair mais lentamente e menos que o antecipado. A alta acumulada em 12 meses do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) do Reino Unido recuou de 3,2% em março para 2,3% em abril, menos que o projetado por especialistas, cuja mediana das projeções indicava 2,1%. Já o crescimento acumulado em 12 meses do núcleo do indicador, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, diminui de 4,2% para 3,9% no período, também abaixo da mediana das estimativas, que apontava para 3,6%. O aumento acumulado em 12 meses dos preços de serviços, por sua vez, baixou de 6,0% em março para apenas 5,9% em abril, acima da expectativa mediana de 5,5%. Os números sugerem a possibilidade de persistência inflacionária no país e acaba afetando o otimismo de investidores para a possibilidade de cortes de juros pelos principais Bancos Centrais globais, como Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.
À espera da ata O evento mais importante do dia será a publicação da ata da última decisão de juros do FOMC, ocorrida no dia 01 de maio. Embora o documento possa estar desatualizado, visto que o encontro ocorreu antes da divulgação dos indicadores mais brandos para o mês de abril, como geração de empregos, vendas do varejo e inflação ao consumidor, ele pode trazer informações importantes para os investidores a respeito das discussões sobre quais as condições econômicas necessárias para justificar um corte na taxa federal de juros. Por isso, investidores aguardam sua divulgação a fim de calibrar expectativas para a trajetória da taxa de juros americana.
Dados fiscais no Brasil O real ainda pode ser afetado hoje pela divulgação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas para o segundo bimestre. O relatório sucede a divulgação de ontem dos números de arrecadação do governo federal, que teve alta real de 8,26% em abril sobre o mesmo mês do ano passado e contribuiu para limitar o enfraquecimento do real. O desempenho neste documento influencia a avaliação dos investidores em relação ao equilíbrio das contas públicas, em um contexto de percepção mais elevada de riscos fiscais para ativos brasileiros e preocupações com a sustentabilidade da dívida pública após o governo federal reduzir as metas orçamentárias para os anos entre 2025 e 2027. Adicionalmente, as expectativas dos investidores para o desempenho das contas públicas podem também ser impactadas por falas de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, que possui agenda de palestras para esta quarta-feira.