Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana

 
Leonel Oliveira Mattos
Lucca Bezzon
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir PMI e payroll americano, PIB brasileiro, decisão de juros do BCE, balança comercial chinesa e imposto sobre importados no Brasil
  • Fatores baixistas
  • Desaceleração no crescimento dos empregos americanos podem recuperar parcialmente apostas de investidores para cortes de juros pelo Fed e enfraquecer o dólar.
  • Crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre pode favorecer na atração de capitais externos para o país e contribuir para o fortalecimento do real.
  • Retorno do Imposto sobre Importação para pequenas compras no Brasil pode reduzir levemente temores sobre o equilíbrio das contas públicas em 2024 e contribuir na atração de investimentos estrangeiros.
  • Fatores altistas
  • Corte de juros pelo BCE esta semana pode prejudicar o rendimento de ativos denominados em euro e fortalecer indiretamente a moeda americana frente a outras divisas.
  • Balança comercial chinesa pode reforçar percepção de desaceleração da demanda interna no país e prejudicar o desempenho de ativos arriscados, como commodities e moedas de países exportadores de produtos primários, como o real.

Resumo da semana passada

Em semana de feriados no Brasil e nos EUA, as negociações foram marcadas pela flutuação das expectativas para cortes de juros pelo Federal Reserve e pela maior percepção de riscos para a condução da política fiscal e monetária no Brasil.

O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (31) cotado a R$ 5,251, alta semanal de 1,6%, mensal de 1,1% e anual de 8,2%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 104,6 pontos, variação de -0,1% na semana, -1,5% no mês e +3,2% no ano.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)

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Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: Emprego nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: baixista

A semana passada foi marcada pela oscilação das apostas para os juros americanos e, consequentemente, dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), com uma alta sensível durante a semana após um leilão destes títulos com baixa demanda, seguida de uma recuperação modesta após dados do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) americano de abril em linha com as estimativas de analistas. Esta semana pode trazer mais oscilações em função da divulgação de dados para atividade econômica (PMIs) e para o mercado de trabalho dos Estados Unidos.

A mediana das estimativas para o Relatório da Situação de Emprego mostra uma suave alta no saldo de empregos gerados, passando de 175 mil em abril para 180 mil em maio. Este dado, se confirmado, ainda se mantém bem abaixo da média entre dezembro e março deste ano, de um saldo positivo de 274 mil postos de trabalho, e pode aliviar preocupações de que a economia americana está excessivamente aquecida para permitir uma estabilização inflacionária. Isto, por sua vez, deve aumentar as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses, o que pode prejudicar o desempenho de ativos denominados em dólar e enfraquecer o dólar globalmente.

 

PMI nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: altista

Por outro lado, as leituras mais fortes das prévias do Índice Gerente de Compras (PMI) de maio medidos pela S&P Global, na semana passada, elevaram as estimativas para o dado final em maio, particularmente pela medida divulgada pelo instituto ISM. Assim, a estimativa mediana para a atividade industrial mostra uma evolução de 49,2 pontos em abril para 49,6 pontos em maio, enquanto a estimativa mediana para o setor de serviços mostra uma evolução de 49,4 pontos para 50,5 pontos nesse período. Assim, a melhora do desempenho no país pode reforçar temores entre investidores de que a atividade econômica está excessivamente aquecida para permitir uma moderação inflacionária, reforçando, por sua vez, a perspectiva de juros americanos mais alto por mais tempo e fortalecendo o dólar diante das demais divisas.

 

PIB no Brasil

Impacto esperado no USDBRL: baixista

Após dois trimestre consecutivos de estagnação, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve ter se expandido em 0,8% no primeiro trimestre deste ano contra os últimos três meses de 2023, com o crescimento do consumo pessoal e da renda familiar superando os efeitos negativos do aperto monetário. O número deveria contribuir na atração de investimentos estrangeiros ao mostrar maior capacidade de retornos aos investidores, fortalecendo o real, porém pode não ser o suficiente frente à perda de credibilidade recente da condução das políticas monetárias e fiscais do país.

 

Decisão de juros do BCE

Impacto esperado no USDBRL: altista

Há várias semanas, analistas projetam que o Banco Central Europeu (BCE) deve iniciar seu ciclo de cortes de juros na sua decisão de política monetária desta semana, reduzindo sua taxa básica de 4,00% a.a. para 3,75% a.a., por conta de uma moderação inflacionária mais consistente e de um desempenho econômico fraco no bloco de moeda unificada. Há uma dúvida maior, entretanto, sobre qual seria o ritmo de cortes pela instituição, e a maior parte dos investidores acredita que uma redução adicional só ocorreria na decisão de setembro. Em suas últimas reuniões, o BCE indicou que deve reagir aos dados econômicos mais recentes e seus efeitos nas projeções econômicas do Banco Central. De toda forma, o corte de juros nesta semana, se efetivado, deve piorar as perspectivas de rendimento de títulos denominados em euro e fortalecer indiretamente o dólar.

 

Balança comercial chinesa

Impacto esperado no USDBRL: altista

Nos últimos meses, os números de exportação na China têm apresentado um desempenho mais vigoroso que os dados para demanda doméstica no país, impulsionados pelos segmentos de chips e veículos elétricos. A recuperação parcial da atividade industrial global também contribui para o crescimento mais veloz das exportações. Assim, a projeção mediana para a variação anual das exportações mostra evolução de +1,5% em abril para +4,5% em maio, ao passo que a estimativa mediana para as importações mostra um recuo de +8,4% para +3,2% no mesmo período. Tais dados, se confirmados, podem piorar as expectativas de investidores para crescimento econômico no país, o que reduziria as perspectivas para o crescimento da demanda de commodities pela segunda maior economia global e prejudicaria o desempenho de moedas de países exportadores de produtos primários, tal como o real.

 

Taxa de importação no Brasil

Impacto esperado no USDBRL: baixista

Está pautada para votação nesta terça (04) no Plenário do Senado Federal o Projeto de Lei 914/2024 (Mover), que institui incentivos financeiros para a produção de veículos automotores menos poluentes e, dentre outras medidas, retorna o Imposto sobre Importação, com alíquota de 20%, sobre compras internacionais de até US$ 50. O novo imposto deve elevar as receitas federais e pode contribuir para o atingimento das metas orçamentárias do governo federal, embora a preocupação de investidores é maior com contenção de despesas do que com crescimento de receitas.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS

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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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