Payroll mais forte que o esperado O dólar negociado no mercado interbancário operava em alta na manhã desta sexta-feira, quando era cotado ao redor de R$ 5,28 (10h40min), refletindo números mais fortes para o mercado de trabalho americano em maio. O Departamento de Estatísticas Trabalhistas (BLS) divulgou mais cedo que o saldo de empregos gerados nos EUA foi de 272 mil, acima do saldo de abril, de 165 mil, e acima da estimativa mediana de 182 mil. Adicionalmente, a remuneração para a hora trabalhada avançou mais que o esperado, aumentando 0,4% em maio contra 0,2% em abril e contra uma projeção mediana de 0,3%. Os números indicam que a demanda por trabalhadores continua elevada, o que sugere que o desempenho econômico continua vigoroso e que a renda dos americanos deve se manter em elevação. Isto, por sua vez, eleva temores de investidores de que o país está excessivamente aquecido para permitir uma estabilização dos preços, diminuindo as apostas para cortes de juros pelo Federal Reserve e reforçando a percepção de que os juros se manterão mais altos por mais tempo, o que favorece a rentabilidade de títulos denominados em dólar e contribui para o fortalecimento global da moeda.
Dados ambíguos na China Cabe mencionar, também, a divulgação da balança comercial chinesa para o mês de maio. Os dados mostraram um crescimento acima do esperado para as exportações do país, porém uma alta menor que o antecipado para as importações. De uma maneira geral, números recentes apontam para uma demanda por exportações chinesas mais forte, impulsionadas por setores industriais ligados a de tecnologia de inteligência artificial e veículos elétricos, porém uma desaceleração do crescimento da demanda interna, o que é reforçado pelos números fracos para importação. Desta forma, há uma percepção crescente de que o país terá dificuldade de atingir sua meta de crescimento do Produto Interno Bruto de 5% em 2024 sem que o governo se utilize de mais estímulos fiscais e monetários, o que, por sua vez, prejudica a perspectiva para demanda de commodities e penaliza o desempenho de moedas de países exportadores de produtos primários, como o real.
Falas de Campos Neto Por fim, investidores acompanharão os comentários do presidente do Banco Central em evento nesta manhã, em meio a um contexto recente de maior percepção de riscos fiscais para ativos brasileiros. Ontem, tanto Roberto Campos Neto quanto Gabriel Galípolo, diretor de política monetária da instituição, expressaram preocupação com o aumento das expectativas inflacionárias em prazos mais longos, embora reconheçam que os dados de inflação mais recentes são positivos. Ambos reforçaram a necessidade de o BC atuar com firmeza neste momento para recuperar a ancoragem inflacionária. Por isso, os comentários de Campos Neto podem contribuir na calibragem das expectativas de investidores para a trajetória dos juros no país e para a credibilidade da condução da política monetária brasileira.