CPI brando em maio O dólar negociado no mercado interbancário operava próximo à estabilidade na manhã desta quarta-feira, quando era cotado ao redor de R$ 5,36 (10h30min), refletindo uma leitura melhor que o esperado para o CPI americano de maio. O indicador cheio se manteve estável (0,0%) no mês de maio, abaixo do crescimento de 0,3% de abril e da estimativa mediana de 0,1%, enquanto seu núcleo, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, aumentou em 0,2% em maio, abaixo da alta de 0,3% de abril e da estimativa mediana de 0,3%. Em meio a dúvidas sobre o estado da economia estadunidense em maio – os Índices Gerentes de Compras (PMI) sugeriam uma pressão inflacionária mais branda, enquanto a geração líquida de empregos apontava para uma persistência inflacionária –, o CPI deve atuar como um “fiel da balança” e reforçar uma percepção de que a estabilização inflacionária deve continuar nos EUA, embora novos números nesse sentido serão necessários para confirmar uma tendência. Assim, os investidores aumentam suas apostas de que o Federal Reserve deve realizar cortes de juros nos próximos meses, o que deve prejudicar o desempenho de ativos denominados em dólar e enfraquecer globalmente a moeda.
À espera do FOMC Além da divulgação do CPI, as cotações devem refletir a decisão de política monetária do FOMC, hoje às 15h00min. Há consenso de que o comitê não modificará a taxa de juros ainda nesta reunião, assumindo uma postura mais cautelosa em meio aos dados mistos de atividade econômica. Nesse sentido, as atenções devem estar voltadas para as Projeções Econômicas do FOMC, que sinalizam o tom da discussão e dão pistas sobre a futura condução da política monetária. Em relação à última projeção, divulgada em meados de março, espera-se que os membros demonstrem uma leitura mais sóbria quanto à conduta da política monetária, comunicando a menor possibilidade de cortes de juros para os próximos meses dada a perspectiva de um arrefecimento mais lento da inflação. Uma mudança suave na perspectiva geral dos membros poderia demonstrar uma maior propensão à cortes de juros ainda este ano, enfraquecendo o dólar. Por outro lado, mudanças mais bruscas podem diminuir a perspectiva de cortes no curto prazo, valorizando o dólar.
MP do PIS/Cofins em dúvida Embora fique em segundo plano ante os eventos dos Estados Unidos, investidores também podem reagir às expectativas de que a Medida Provisória (MP) 1.227/2024, que altera as regras para utilização de créditos tributários em PIS/Cofins, não irá prosperar. Ontem, o presidente da Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, que havia se encontrado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela manhã, afirmou em evento com parlamentares que Lula havia garantido que a MP seria retirada. Na sequência, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco anunciou que irá devolver a MP ao Planalto por que ela não atendeu ao princípio da anterioridade ao promover uma alteração de regra tributária com efeito imediato, ao invés de 90 dias após sua publicação. Por fim, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que a equipe econômica não possui um “plano B” e que cabe agora ao Senado Federal e à equipe da Receita Federal encontrarem uma solução para a perda de receitas provocada pela desoneração da folha de pagamentos. A divulgação da MP provocou forte desgaste do Palácio do Planalto junto ao Legislativos e a setores produtivos importantes, e sua aparente derrota em apenas uma semana provavelmente será lida como uma derrota do governo e manterá elevada preocupações sobre a credibilidade da política fiscal e da sustentabilidade da dívida pública brasileira.