Fechamento de Câmbio

Câmbio encerra quarta em alta, cotado a R$ 5,404

 
Leonel Oliveira Mattos
Lucca Bezzon
Vitor Andrioli
 

Dólar reflete riscos fiscais no Brasil e apostas para juros americanos

▲ Taxa de câmbio (USDBRL): R$ 5,404 (+0,8%)
▼ Dollar Index (DXY): 104,8 pontos (-0,5%)

Em dia marcado pela volatilidade, o mercado de divisas repercutiu a divulgação de dados inflacionários mais brandos nos EUA, uma postura mais firme do Federal Reserve em sua decisão de política monetária e a maior percepção de riscos fiscais no Brasil em meio ao noticiário de Brasília.

Variações | No dia: +0,82% | Na semana: +1,48% | No mês: +2,91% | No ano: +11,38% | Em 12 meses: +11,00% |

Percepção de riscos mais elevados no Brasil O dólar negociado no mercado interbancário flutuou amplamente na sessão desta quarta-feira, entre um mínimo de R$5,3368 e um máximo de R$ 5,4293, até encerrar o dia cotado a R$ 5,404, na contramão do enfraquecimento global da moeda americana. Este é o maior valor de encerramento para a divisa desde 4 de janeiro de 2023 (R$ 5,4513). O principal motivo para a desvalorização do real foi mais um aumento na percepção de riscos fiscais de ativos brasileiros, desta vez impulsionado pela sensação de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e por declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito das contas públicas brasileiras. A sinalização de que a Medida Provisória (MP) 1.227/2024, que altera as regras para utilização de créditos tributários em PIS/Cofins, será devolvida e reportagens sobre uma possível insatisfação do presidente sobre o desgaste provocado pela medida geraram uma percepção de que Haddad tem perdido influência dentro do governo federal e ampliou o pessimismo de investidores quanto a possíveis cortes de gastos pelo Executivo. Essas interpretações foram reforçadas por um discurso de Lula nesta manhã, em que afirmou que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. A frase foi mal-recebida, dentre outros motivos, por atribuir a possibilidade da queda do déficit público primariamente ao aumento da arrecadação. Ele, por exclusão, acaba deixando de fora o lado do controle de gastos públicos, que é a parte que os investidores mais se preocupam no momento, ou seja, de que o governo está buscando o equilíbrio das contas públicas aumentando gastos e aumentando mais ainda a arrecadação. Além disso, a menção sobre queda de juros elevou receios de que o Comitê de Política Monetária (Copom) seja menos rigoroso com a estabilização inflacionária a partir de 2025, quando a maior parte de seus integrantes será composta por membros indicados pelo presidente Lula.

CPI brando em maio A moeda americana também oscilou amplamente nesta quarta-feira, partindo de uma máxima de 105,32 pontos durante a madrugada, indo a uma mínima de 104,26 após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) americano de maio e limitou um pouco suas perdas após a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), à tarde, encerrando o pregão a 104,8 pontos. A queda inicial foi provocada pela leitura mais branda que o esperado para o CPI, que se manteve estável (0,0%) no mês de maio, abaixo do crescimento de 0,3% de abril e da estimativa mediana de 0,1%, enquanto seu núcleo, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, aumentou em 0,2% em maio, abaixo da alta de 0,3% de abril e da estimativa mediana de 0,3%. Em meio a dúvidas sobre o estado da economia estadunidense em maio – os Índices Gerentes de Compras (PMI) sugeriam uma pressão inflacionária mais branda, enquanto a geração líquida de empregos apontava para uma persistência inflacionária –, o CPI deve atuar como um “fiel da balança” e reforçar uma percepção de que a estabilização inflacionária deve continuar nos EUA, embora novos números nesse sentido serão necessários para confirmar uma tendência.

Fed mais firme em suas projeções Por outro lado, o otimismo de investidores a respeito de cortes de juros pelo FOMC caiu após a decisão de juros do Comitê, a entrevista coletiva de seus presidente, Jerome Powell, e, especialmente, a divulgação de novas Projeções Econômicas Sumarizadas mais pessimistas. A mediana das projeções de seus integrantes para os juros ao final de 2024 passou de três cortes para apenas um corte. Além disso, a mediana das estimativas para o núcleo do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) ao final de 2024 aumentou de 2,6% em março para 2,8% em maio, praticamente estável ao valor já observado em abril. Estes números acabaram reforçando a percepção de que os juros americanos se manterão mais altos por mais tempo e recuperaram parcialmente o valor do dólar durante a tarde.

Mercado de moedas No cenário externo, o dollar index terminou o pregão cotado a 104,8 pontos, variação de -0,5% ante à véspera. Moedas pares do real, como o peso chileno, a lira turca, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo se valorizaram em relação à divisa americana, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan terminou a sessão cotado a 46,072 pontos, alta de 0,3% frente ao término de terça-feira.

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