Panorama de câmbio: principais eventos da semana
- Fatores baixistas
- Previsão de leitura branda para o CPI americano pode diminuir os receios de uma persistência inflacionária no país e elevar as apostas para cortes de juros pelo Fed em 2024, diminuindo a atratividade dos títulos americanos e enfraquecendo o dólar.
- Sinalização de compromisso do governo federal com o arcabouço fiscal reduziu parcialmente as exigências de prêmios de risco por investidores e contribui para que o real recupere parte das perdas expressivas das últimas semanas.
- Expectativa de dados mais favoráveis para a economia chinesa pode elevar as projeções de crescimento e demanda do país, favorecendo o desempenho de ativos arriscados, como ações, commodities e moedas de países emergentes, como o real.
- Fatores altistas
- Leitura moderada para o IPCA de junho pode testar o alívio recente no pessimismo entre investidores com ativos brasileiros e reforçar temores inflacionários, enfraquecendo o real.
Resumo da semana passada
A semana começou estendendo o forte estresse de investidores com a condução das políticas econômicas brasileiras, levando a taxa de câmbio além do patamar de R$ 5,70 na terça-feira (02). Contudo, após sinalização do governo federal de compromisso com o equilíbrio fiscal, o câmbio inverteu seu sentido e interrompeu uma sequência de seis semanas de altas consecutivas.
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em alta pela sexta semana consecutiva, encerrando a sessão desta sexta-feira (05) cotado a R$ 5,463, recuo semanal e mensal de 2,3%, porém alta anual de 12,6%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 104,9 pontos, variação de -0,9% na semana e no mês e de +3,5% no ano.
Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.
O MAIS IMPORTANTE: Moderação inflacionária nos EUA
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Após uma surpresa positiva nos dados para o mercado de trabalho americano na última sexta-feira (05), quando a geração de empregos para maio foi revisada para baixo e a taxa de desemprego subiu para 4,1%, há uma expectativa entre analistas de uma nova leitura amena para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho. A mediana das estimativas espera que o índice cheio passe de 0,0% em maio para 0,1% em junho, enquanto o núcleo do indicador, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, deve se manter em 0,2% nesse intervalo, auxiliado por uma queda nos preços de automóveis usados, de serviços de hotelaria e de passagens aéreas. Se confirmadas, estes números representariam o segundo mês consecutivo de moderação inflacionária nos EUA e reforçaria as apostas de investidores de que o Federal Reserve iniciará um processo de cortes de juros em setembro em função de uma estabilização de preços contínua e sustentada, enfraquecendo o dólar globalmente.
Alívio na percepção de riscos para ativos brasileiros
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Na semana passada, a sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de compromisso do governo federal com o arcabouço fiscal ajudaram a estancar a crise de confiança dos agentes do mercado financeiro com a condução das políticas fiscais e monetárias e reduzir parcialmente as exigências de prêmios de risco pelos investidores para ativos brasileiros. Assim, o anúncio de um corte de R$ 25,9 bilhões nas despesas públicas para o Orçamento de 2025, reportagens sobre um pente fino nas despesas dos Ministérios do Desenvolvimento Social e da Previdência e uma posição técnica favorável após significativo enfraquecimento do real levaram a taxa de câmbio da faixa de R$ 5,70, na terça-feira (02), para menos de R$ 5,50 na sexta-feira (05).
Ainda assim, esse patamar é muito superior à faixa de R$ 5,00 por dólar que prevalecia em meados de abril, antes da alteração das metas orçamentárias para 2025 e 2026 pelo governo federal dar início ao processo de piora nas expectativas para as variáveis macroeconômicas brasileiras. Por isso, serão necessárias medidas adicionais por parte do Executivo que apontem para o fortalecimento da autonomia do Banco Central ou para o ajuste das contas públicas para que a credibilidade dos agentes financeiros seja restaurada, o que deve levar algum tempo.
IPCA de junho
Impacto esperado no USDBRL: altista
As projeções para o IPCA de junho são de desaceleração mensal, passando de 0,46% em maio para cerca de 0,3% em junho, porém com alta no acumulado em 12 meses, de 3,93% para cerca de 4,2%, por conta de um efeito estatístico, visto que a leitura desde mês substituirá a deflação de -0,08% de julho de 2023. Investidores estarão particularmente atentos aos preços de serviços, que atualmente constituem o maior foco de pressão inflacionária dentro do índice, bem como aos preços de itens alimentícios, que apresentaram alta mais expressiva na leitura de maio. A alta no número anual pode reacender temores inflacionários em meio às elevações recentes nas expectativas inflacionárias.
Inflação e comércio exterior na China
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Após dados frustrantes para o mês de maio, investidores esperam leituras mais aquecidas para a economia chinesa em junho e que recuperem parcialmente o otimismo com o crescimento da segunda maior economia global. Os Índices de Preços ao Consumidor (CPI) e ao Produtor (PPI) acumulados em 12 meses devem se elevar de 0,3% para 0,4% para o CPI e de -1,4% para -0,8% para o PPI. Adicionalmente, as exportações e importações acumuladas em 12 meses também devem acelerar, passando de 7,6% para 8% para as exportações e de 1,8% para 2,9% para as importações. Os números podem contribuir nas previsões de demanda por commodities pelo país e favorecer o desempenho de moedas de países exportadores de produtos primários, como o real.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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