Câmbio fecha a quinta em alta, cotado a R$ 5,736

Aversão global a riscos leva o dólar ao maior valor desde dezembro de 2021
 

▲ Taxa de câmbio (USDBRL): R$ 5,736 (+1,4%)
▲ Dollar Index (DXY): 104,4 pontos (+0,4%)

O mercado de divisas repercutiu o fortalecimento generalizado da moeda americana em uma sessão de elevada aversão a riscos, impulsionados, por sua vez, aumento na elevação das tensões geopolíticas globais, dados mais fracos para a economia americana e uma frustração com o tom do comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC).

Variações | No dia: +1,43% | Na semana: +1,38% | No mês: +1,43% | No ano: +18,24% | Em 12 meses: +19,73% |

Aversão ao risco impulsiona o dólar Após passar a manhã desta quinta-feira oscilando ao redor da estabilidade, o dólar negociado no mercado interbancário passou a apresentar forte tendência de elevação durante a tarde, encerrando a sessão em seu maior valor desde 20 de dezembro de 2021 (R$ 5,745), o pior desempenho no dia entre as moedas mais líquidas. O movimento foi resultado de um ambiente de negócios avesso a ativos arriscados tanto localmente como no exterior, que, por sua vez, favoreceu um ganho mundial da divisa americana, visto que a moeda é considerada um “porto-seguro” para momentos de incerteza e estresse.

Tensões geopolíticas reduzem apetite por risco A redução no apetite global por riscos foi influenciada pela percepção de piora nos riscos geopolíticos globais, impulsionados, por sua vez, pelos assassinatos israelenses do líder militar do Hamas em Beirute, na capital do Líbano, e do líder político do grupo em Teerã, capital do Irã. Estes ataques contra os líderes do Hamas durante a negociação de um cessar-fogo e em territórios estrangeiros elevou os receios entre investidores que o conflito na região se agrave e evolua para uma guerra entre Israel e Irã.

Temores de uma recessão nos EUA Contribuiu para a maior aversão a riscos, também, a divulgação de dados piores que o estimado para o Índice Gerente de Compras (PMI) industrial e para os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA. Em meio a diversas divulgações de resultados corporativos trimestrais abaixo do esperado no país, os números reforçaram um temor entre investidores de que a economia americana está sofrendo uma desaceleração mais intensa que o esperado e que, por consequência, o Federal Reserve esteja exercendo um nível excessivo de aperto monetário sobre a economia.

Frustração com o Copom O comunicado da decisão de ontem do Copom adotou um tom mais firme em seus alertas sobre os riscos inflacionários provocado pela deterioração das expectativas de agentes e seus efeitos sobre as principais variáveis macroeconômicas brasileiras. No documento, o balanço de riscos foi alterado pela primeira vez desde novembro, tornando-o assimétrico e com viés de alta ao remover os riscos de persistência inflacionária no cenário externo e adicionar a “desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado” e “uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”. Por outro lado, a avaliação do impacto da piora das a percepção de riscos fiscais permaneceu fora do balanço de riscos, embora seu texto seja claro para alertar que essa deterioração do cenário fiscal impacta os preços de ativos brasileiros e a expectativa dos agentes e que esses, por sua vez, representam um risco maior para elevação da inflação. Nesse sentido, alguns analistas apontaram que a ausência no documento de uma sinalização clara sobre uma possível alta para taxa básica de juros (Selic) no futuro frustrou a expectativa de investidores e contribuiu para o enfraquecimento do real.

Mercado de moedas

Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.