Câmbio abre sexta em queda, cotado ao redor de R$ 5,55

Dólar deve refletir fala de Powell e inflação no Japão

▼ Taxa de câmbio (USDBRL): ~R$ 5,55 (-0,7%)
= Dollar Index (DXY): ~101,5 pontos (0,0%)

O mercado de divisas deve repercutir os comentários do presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) intensificar os temores de persistência inflacionária no país. Ao mesmo tempo, os investidores ajustam suas expectativas para o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, durante o Simpósio Econômico de Jackson Hole, em busca de pistas sobre possíveis mudanças nas taxas de juros nos Estados Unidos.

Agenda do dia (horário de Brasília):
•    Palestra do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell – 11h00min.
•    Vendas de novas casas nos EUA em julho (Census Bureau) – 11h00min.
•    Posição semanal dos agentes de mercado (CFTC) – 16h30min.

À espera de Powell O dólar negociado no mercado interbancário apresentava tendência de baixa nas primeiras operações desta sexta-feira, quando era negociado ao redor de R$ 5,55 (10h30min). Investidores se mantém em compasso de espera pelo discurso de Jerome Powell no Simpósio Econômico de Jackson Hole, em busca de uma sinalização mais clara de como o banco central americano pretende conduzir um ciclo de cortes de juros que é largamente antecipado pelos agentes do mercado financeiro. Hoje, as apostas majoritárias no mercado futuro antecipam oito reduções, ou 2,00 p.p., em oito decisões. O evento reúne as principais autoridades econômicas globais, e foi palco de falas importantes de presidentes do Federal Reserve no passado. Por exemplo, há dois anos, Powell mostrou a disposição do Fed em realizar um rígido aperto monetário para controlar a inflação mais alta, mencionando que a instituição manteria os juros mais elevados até atingir seu objetivo de estabilização mesmo que o desemprego aumentasse ou isso trouxesse “dor” para as empresas e famílias. Neste ano, em meio a indícios de desaceleração do mercado de trabalho e uma moderação expressiva dos índices de preços, há grande expectativa de que Powell ratifique as apostas de que o primeiro corte ocorra na próxima decisão, em setembro, e traga luz sobre a velocidade que essas reduções possam ocorrer. De toda forma, seus comentários devem provocar reações nos mercados de ativos globais, e investidores devem evitar assumir posições até lá.
Inflação no Japão A divulgação dos dados de inflação ao consumidor (CPI) no Japão, seguida pelas declarações feitas mais cedo pelo presidente do Banco Central do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, devem adicionalmente impactar o mercado de divisas. O núcleo do índice subiu 2,7% em julho, confirmando as estimativas e mantendo a inflação acima da meta de 2% anuais buscada pelo banco central pelo 28º mês consecutivo. Esse cenário reforça as expectativas para uma postura mais rígida da instituição, juntamente com o seu presidente reafirmando a possibilidade de novas altas de juros caso a inflação permaneça acima da meta. Segundo Ueda, a estabilidade do mercado não será fator decisivo para evitar ajustes na política monetária, enfatizando que "o BoJ está preparado para atuar conforme necessário para assegurar o cumprimento das metas inflacionárias". Por outro lado, o presidente destacou que “enquanto o movimento cambial for ordenado e gradual, isso não deve desestabilizar os mercados globais tanto quanto ocorreu no início deste mês”. As perspectivas de novas elevações nas taxas de juros pressionam a valorização do iene, o que afeta diretamente as operações de "carry trade". Nesse tipo de operação, investidores tomam empréstimos em ienes, a juros baixos, e aplicam em moedas de países com taxas mais elevadas, como o real brasileiro. Com o fortalecimento do iene, esses investidores são incentivados a desmontar suas posições, resultando em uma venda de reais, o que pressiona um enfraquecimento da moeda brasileira.
 

TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS

Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.