Câmbio abre a sexta em alta, cotado ao redor de R$ 5,68
Dólar deve refletir Ptax de fim de mês, intervenção do BC e PCE dos EUA
▲ Taxa de câmbio (USDBRL): ~R$ 5,68 (+1,0%)
▲ Dollar Index (DXY): ~101,6 pontos (+0,2%)
Em dia de agenda cheia, o mercado de divisas deve apresentar volatilidade elevada por conta de intervenção do Banco Central do Brasil, que realizará leilão de até US$ 1,5 bilhão na taxa Ptax. Adicionalmente, devem contribuir para a volatilidade a formação da taxa Ptax de fim de mês e a expectativa pela divulgação de detalhes para o Orçamento de 2025 pelo governo federal. Por fim, no exterior, investidores acompanham a divulgação do índice PCE de julho, buscando calibrar expectativas para a trajetória dos juros americanos.
Agenda do dia (horário de Brasília):
• Estatísticas fiscais de julho (BC) – 08h30min.
• Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de julho (IBGE) – 09h00min.
• Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) nos EUA de julho (BEA) – 09h30min.
• Índice Gerente de Compras (PMI) de Chicago de agosto (ISM) – 10h45min.
• Índice de confiança do consumidor nos EUA de agosto (UMich) – 11h00min.
• Palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto – 11h00min e 15h30min.
• Palestra do ministro da Fazenda, Fernando Haddad – 18h00min.
• Índice Gerente de Compras (PMI) Industrial e de Serviços na China de agosto (NBS) – 22h30min.
Leilão do BC e volatilidade O dólar negociado no mercado interbancário apresentava forte volatilidade e tendência de elevação nas primeiras operações desta sexta-feira, quando era cotado ao redor de R$ 5,68 (10h20min). O movimento deve ser resultado da intervenção do Banco Central no mercado de divisas, que vendeu US$ 1,5 bilhão no mercado à vista na taxa Ptax, a primeira no câmbio “pronto” desde abril de 2022 e a primeira em taxa Ptax desde dezembro de 2021. Recentemente, dirigentes do BC, como Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo, reforçaram que a autarquia só atua no câmbio quando há alguma “disfuncionalidade”, como falta de liquidez em uma das pontas das operações, compra ou venda. No caso de hoje, a decisão ocorreu após uma alta de 1,2% na taxa de câmbio de ontem sem um gatilho claro e com percepção mais elevada de riscos. Conforme explicitado no relatório de fechamento de câmbio de ontem, “podem ter contribuído para esse resultado a proximidade para a formação da taxa Ptax de fim de mês, amanhã, a indicação do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, para o comando do Banco Central a partir do próximo ano e receios quanto aos detalhes do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025, cujo prazo para que o Executivo a envie ao Congresso Nacional se encerra amanhã (30)”. Nesse sentido, o leilão do Banco Central acaba implicitamente informando os agentes de mercado financeiro que há problemas na demanda por reais e que pode, por consequência, realimentar preocupações de investidores com ativos brasileiros e acabar acelerando o movimento de venda, enfraquecendo o real.
Taxa Ptax de fim de mês É interessante observar que a intervenção da autoridade monetária ocorre em dia de cálculo da taxa Ptax de fim de mês. Nesses dias, o volume de negócios costuma apresentar maior volatilidade dentro das janelas de horários utilizadas pelo BC para o cálculo da taxa, entre as 10h00min e as 13h10min. A taxa Ptax é uma referência divulgada diariamente pelo BC e seu valor de fim de mês é muito utilizado em contratos de câmbio e derivativos. Desta forma, os operadores do mercado intensificam suas operações durante estes intervalos, disputando a sua definição.
Temores fiscais no Brasil Contribui para o enfraquecimento do real na sessão de hoje, ainda, a preocupação de investidores com a condução da política fiscal brasileira e receios de que o governo federal possa ter dificuldades para equilibrar as contas públicas. Nesta manhã, o Banco Central informou que o déficit primário em julho foi acima do esperado, em R$ 21,348 bilhões, piorando as expectativas dos agentes de mercado enquanto aguardam pelo envio do PLOA de 2025 pela equipe econômica do governo federal, em que serão detalhadas as projeções de receitas e despesas públicas para o próximo ano.
PCE nos EUA No exterior, deve guiar o mercado de divisas desta sexta-feira a divulgação do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) nos EUA, indicador utilizado pelo Federal Reserve para acompanhar a inflação no país. Em julho, os preços subiram 0,2% ante junho, levando o índice a um aumento acumulado em 12 meses de 2,5%. Apesar desse resultado manter o PCE acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed, o índice está em linha com a mediana das estimativas do mercado e deve ser interpretada como favorável à leitura de uma estabilização inflacionária no país. Nesse sentido, a divulgação contribui para o aumento das apostas para um corte de juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), no dia 18 de setembro. Ontem, a revisão para a o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que mostrou um resultado acima das expectativas, mostrou que a economia se mantém resiliente e reforçou preocupações de uma estabilização de preços mais lenta no país.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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