- Dados para o Brasil podem mostrar um desempenho fiscal pior que o estimado, elevando a percepção de riscos fiscais, e moderação inflacionária, o que poderia dar espaço para o BC manter o ritmo de cortes de juros para a Selic. Ambos prejudicariam a atratividade de ativos brasileiros para investidores estrangeiros, enfraquecendo o real.
- Pauta econômica em tramitação no Congresso pode resultar na elevação das despesas do governo federal, o que pioraria a avaliação das contas públicas brasileiras e pode aumentar a percepção de riscos fiscais de ativos brasileiros, enfraquecendo o real.
- Decisão de juros do Copom deve reforçar a percepção de que a taxa Selic vai cair menos e mais lentamente, o que favoreceria o diferencial de juros brasileiro e contribuiria para fortalecer o real.
Resumo da semana passada
A semana foi marcada pelas amplas flutuações das expectativas para a taxa de juros americana, primeiro com um forte pessimismo depois de dados de custos trabalhistas no primeiro trimestre mais altos que o esperado, seguido de uma reversão e maior otimismo após uma entrevista coletiva menos cautelosa de Jerome Powell e de dados para o emprego em abril mais fracos que o antecipado.
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a semana em queda, encerrando a sessão desta sexta-feira (03) cotado a R$ 5,069, recuo semanal de 0,9% e mensal de 2,4%, porém ganho anual de 4,5%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 105,0 pontos, variação de -0,9% na semana, -1,0% no mês e +4,0% no ano.
O MAIS IMPORTANTE: Decisão de juros do Copom
Impacto esperado no USDBRL: baixista
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve realizar seu sétimo corte seguido na taxa básica de juros (Selic) na próxima quarta-feira (08), porém há alguma incerteza sobre a magnitude do corte. No início da semana passada, a curva futura de juros chegou a apontar quase consenso de uma redução de apenas 0,25 p.p., porém as apostas de mais um corte de 0,50 p.p. (conforme sugerido na última ata do Comitê) voltaram a se elevar ao longo da semana, após sinalizações mais brandas pelo Federal Reserve e dados mais fracos para o emprego nos EUA. As dúvidas em relação à postura do Copom surgiram depois da flexibilização das metas fiscais pelo governo federal, o que levou a comentários mais cautelosos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que ponderou sobre a possibilidade de uma redução do ritmo de cortes para a Selic. Para além do corte, o comunicado do Copom será atentamente observado, por conta da possibilidade de mudanças na sinalização futura (foward guidance) e no balanço de riscos inflacionários. Essas mudanças, se ocorrerem, reforçarão a interpretação de que a taxa básica de juros cairá menos que o antecipado no Brasil, o que, por sua vez, melhora a uma perspectiva para o diferencial de juros brasileiro, contribuindo para atrair mais capitais externos e fortalecer o real.
Brasil: Histórico e expectativa para a taxa de juros – Focus 26 de abril de 2024
Fonte: Banco Central do Brasil (Focus 26/04/2024). Elaboração: StoneX. Refere-se à mediana das estimativas indicada pelo boletim Focus na data indicada.
IPCA e resultado fiscal no Brasil
Impacto esperado no USDBRL: altista
A semana deve trazer dados importantes para a avaliação da conjuntura econômica brasileira. Na segunda-feira (06), a divulgação do resultado fiscal consolidado para o setor público em março pode mostrar déficit maior que o esperado e piorar a percepção de riscos fiscais associados a ativos brasileiros, o que afastaria investidores e poderia contribuir para um enfraquecimento do real. Já na sexta-feira (10), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve crescer em torno de 0,35% em abril ante uma leitura benigna em março, por conta de aumento de preços em alimentação e remédios. Ainda assim, essa alta não deve ser suficiente para trazer preocupações sobre a moderação inflacionária no país e pode contribuir para o enfraquecimento do real ao mostrar que o BC possui espaço para continuar cortando a taxa básica de juros (Selic).
Pauta econômica no Legislativo
Impacto esperado no USDBRL: altista
A pauta para o Congresso Nacional da semana traz temas importantes para a evolução das contas públicas brasileiras. Na terça-feira (07), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal vota o projeto de lei que cria um novo seguro obrigatório para veículos, semelhante ao antigo DPVAT, e altera a lei do arcabouço fiscal ao antecipar em dois meses a permissão para a abertura de crédito suplementar em caso de superávit fiscal, o que permitiria uma despesa adicional de R$ 15,7 bilhões pela União (+0,8%). Já na quinta-feira (09), o Congresso Nacional terá sessão deliberativa para análise dos vetos do presidente da República, entre eles o veto parcial ao pagamento de emendas parlamentares. Caso o veto seja derrubado, o impacto adicional sobre as despesas públicas seria de R$ 5,6 bilhões.
Dados econômicos na China
Impacto esperado no USDBRL: indefinido
Após resultados decepcionantes em março, a balança comercial para o mês de abril deve melhorar ante março. As exportações devem passar de um recuo anual de 7,5%, em março, para uma alta anual ao redor de 2,0%, em abril. Da mesma forma, as importações devem passar de -1,9% em março para +5,0% em abril, em termos anuais. Ambos podem melhorar as estimativas para a atividade econômica no país, o que contribuiria para impulsionar o desempenho de ativos arriscados, como ações, commodities e moedas de países exportadores de produtos primários, como o Brasil. Por outro lado, as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de abril não são tão positivas, e o indicador deve se manter próximo da estabilidade ante o mesmo mês do ano passado, o que pode diminuir as expectativas para a demanda interna no país e atuar de forma contrária, reduzindo o apetite por ativos arriscados por investidores.
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